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Fernando Casavechia

7 desperdícios do Lean na Construção: Estoque

Atualizado: 2 de out. de 2020

Neste texto vamos abordar um pouco sobre o problema que o estoque elevado pode causar em uma obra. Esse é um dos maiores vilões do Lean.




O estoque é um dos maiores vilões do Lean. Para muitas pessoas e empresas ter um estoque grande significa que a empresa está indo bem, tem bastante produto para atender os clientes, matéria prima sobrando para não parar a sua produção e os custos parecem menores, afinal está apenas guardando o material.


Porém, essa visão do estoque é muito limitada e esconde os diversos problemas de gestão que podem estar acontecendo, problemas de produtividade, problemas com desperdício e consumo incorreto de materiais. E o mais importante de tudo, material em estoque, se não tiver uma previsão de uso em curto prazo, é um dinheiro imobilizado que não gera valor nenhum para a empresa. Literalmente é dinheiro que poderia estar no caixa da empresa, ajudando no fluxo de pagamentos ao invés de estar parada em um canteiro de obra.


Então, antes de continuarmos com a análise de como mitigar esse problema, devemos sempre pensar que o estoque, apesar de necessário, deve ser projetado para atender as demandas de um projeto em um espaço curto de tempo, pois não queremos imobilizar tanto dinheiro no que não precisa.


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Vamos aprofundar um pouco nessa análise e trazer para a realidade da construção civil. Nas obras um dos maiores medos de engenheiros e donos de obras é a construção parar por falta de material. Isso gera o pensamento de sempre comprar a mais para não faltar ou já comprar tudo o que vai precisar e ainda tentar barganhar no custo do produto. Mas na verdade apenas estamos escondendo problemas de gestão de estoque, gestão de compras e gestão da produção. A gestão dessas três atividades deve ser bem coordenada entre o engenheiro da obra e os responsáveis por compras de materiais.


O alto estoque vai esconder algumas falhas como processos ineficientes, falta de controle dos processos, riscos de qualidade e desperdício de espaço.


Processos ineficientes

Um processo que não esteja bem mapeado e organizado, no geral, consome mais recursos do que deveria e entrega uma produtividade menor do que poderia. Um estoque elevado pode esconder essa falta de organização e dificultar o acompanhamento de métricas. É importante que a engenharia e compras saiba quando e quais materiais serão necessários na obra. O processo de compras deve ser estabelecido de forma que consiga prever a demanda de material de acordo com o cronograma e planejamento da obra. Assim ela evita de comprar material em excesso para não faltar, ou comprar material na hora errada. Não faz sentido comprar um material para acabamento de a obra está na fundação.


Falta de controle de processos

Se a engenharia não controlar o consumo de material na obra, como saber se a quantidade que está sendo comprada está correta? Como saber se a produtividade está dentro do planejado? Como identificar o nível de desperdício de insumos?

Quando se tem muito material a disposição, a ilusão da abundância pode fazer com que o controle dos processo seja diminuído, e assim o desperdício aumenta. Consequentemente temos um aumento do custo global do empreendimento.


Riscos de Qualidade

A compra de materiais em lotes menores permite um controle melhor da qualidade dos materiais fornecidos, pois o problema é identificado mais rapidamente e lotes menores no geral permitem uma atuação mais rápida na logística reversa do produto.


Desperdício de espaço

Nem sempre as construções possuem uma área disponível para armazenar muito material, principalmente nos estágios iniciais da obra. Logo, entender quanto de espaço temos disponível no canteiro e dividir esse espaço em materiais que são essenciais para a obra é uma tarefa importante. Um bom planejamento de canteiro irá ajudar nisso.


Para evitar esses problemas ou pelo menos reduzir os custos atrelados a eles, os departamentos de engenharia e compras devem trabalhar juntos na melhoria da gestão de processos de compras, controle de estoque e controle de consumo de materiais.


Ritmo de construção: similar ao Takt Time na indústria, que representa em quanto tempo um produto deve ser produzido para atender a demanda do cliente, o ritmo da obra vai determinar quanto podemos construir com os recursos disponíveis. Se na obra temos 4 pedreiros e eles fazem a alvenaria de um andar em 5 dias, sabemos que precisamos ter a cada 5 dias o material necessário para atender essa demanda de construção.


Consumo de insumos: entendendo o ritmo da obra, conseguimos prever quanto de material será necessário para que a obra tenha um fluxo contínuo de trabalho e não pare por falta de material. Por exemplo: digamos que a construtora usa massa polimérica uBeton na sua alvenaria e que cada pavimento tem 500 m² de alvenaria. Se o ritmo da obra prevê que esses 500 m² são feitos em 5 dias, o planejamento de compras já deve prever que tem que ter na obra pelo menos 750 kg de argamassa da uBeton, visto que o consumo fica em 1,5 kg/m² de parede. Isso deve ser pensado para todos os componentes da obra. E para que isso aconteça bem, é fundamental uma boa comunicação entre o setor de compras e a obra. Claro, não adianta ter tudo isso medido e o consumo de material se o dobro do previsto, todo o planejamento vai embora nessa hora.


Gestão de compras e fornecedores: Uma das justificativas de compradores para aumentarem seus pedidos e forçarem sempre que possível o aumento do estoque é a falta de confiabilidade nos seus fornecedores. A construtora não acredita que eles irão entregar no prazo e assim aumentam os pedidos para não faltar material. Obviamente é uma falha grave o fornecedor atrasar a entrega do produto, porém é importante que a construtora tenha sempre metrificado o quanto de falhas que o fornecedor realmente cometeu. Um exemplo simples, se um fornecedor deixa claro desde o início do relacionamento com a construtora que o prazo de entrega são 5 dias úteis, não faz sentido penalizar o fornecedor se ele não entregar o material que a obra precisava “para ontem”. Algo que poderia ser melhor explorado é a elaboração de contratos e cronogramas de fornecimento, assim fica claro para ambas as partes como deve ser o relacionamento entre as empresas para que o empreendimento não pare por falta de material. Muitas vezes será mais interessante para o fornecedor garantir um cronograma com entregas definidas, do que simplesmente vender uma carga fechada de material.


Manter um relacionamento aberto com fornecedores pode ser a chave para o sucesso da gestão de materiais. O fornecedor vai ajudar a trazer novas soluções para a obra, ajudar a controlar o consumo e verificar qualquer problema de qualidade mais rapidamente.


O controle do estoque e consumo de materiais é uma tarefa difícil, porém muito necessária. Para obtermos obras mais produtivas devemos sempre buscar a racionalização dos materiais e uso consciente dos recursos. Faça uma avaliação de como está o processo de compra de materiais da sua empresa e qual seu nível de controle sobre a cadeia de suprimentos. Uma procedimento bem mapeado pode ser uma alavanca para redução de custos e melhoria nos processos.

Esse é um tema muito importante, espero que tenham gostado e me coloco à disposição para discutir mais sobre ele. Semana que vem tem mais sobre os desperdícios do Lean na construção. Abraço!


Autor:

Fernando Casavechia Teixeira

Especialista em Lean Manufacturing pela PUCPR

Diretor Comercial na Ubeton


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